domingo, 6 de julho de 2008
Mulheres Parte I
Já sei muito. Sei uma coisa. Sei que não são os vestidos que fazem as mulheres mais ou menos bonitas, nem os cuidados de beleza, nem o preço dos cremes, nem a raridade, o preço dos enfeites. Sei que o problema está em algum lugar. Não sei onde. Sei só que não está onde as mulheres julgam. Olho as mulheres. Existem as muito belas, muito brancas, têm um cuidado extremo com a sua beleza. Não fazem nada, guardam-se apenas, guardam-se para o Tempo, ou os amantes, o verão que chegará. Esperam. Vestem-se para nada. Olham-se. Na sombra dessas vivendas, olham-se para mais tarde, julgam viver um romance, têm já longos armários cheios de roupas a que não sabem que fazer, colecionados como o tempo, a longa sequência dos dias de espera. Algumas ficam loucas. Algumas são trocadas por uma jovem criada que se cala. Abandonadas. Ouve-se esta palavra atingi-las, o barulho que faz, o barulho da bofetada que ele dá. Algumas matam-se. Esta falta das mulheres a si próprias, por si próprias perpetrada, apareceu-se sempre como um erro. Não havia que atrair o desejo. Ele estava naquela que o provocava ou não existia. Ou estava lá desde o primeiro olhar ou então nunca existira. Era a inteligência imediata da relação de sexualidade ou então não era nada. Isso eu já sei.
deve existir uma outra noite onde caibamos todos inocentemente felizes comendo laranjas e discutindo problemas de aromas de flores
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Part II
quarta-feira, 2 de julho de 2008
Cinco Pedras I

Homem feliz é aquele que administra sabiamente a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias a vir. Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará um pouco de tristeza Oh! Como é triste envelhecer à porta de um sonho. Oh como é triste arriscar em humanos a esperança de um amor que finda na primeira manhã de verão ao longo do mar transbordante de nós feitos de adeus intermináveis. Fico triste no jardim ao olhar a solidão do sol imponente no céu azul, vê-lo desde o rumor e as casas da cidade até uma vaga promessa de rio e a pequenina vida que se concede às suas unhas. Mais triste é ter de nascer e morrer e de não haver árvores no fim da rua. É triste ir pela vida como quem regressa e entrar humildemente por engano pela morte adentro. É triste no outono concluir que era o verão a única estação.
É triste ver passar o solitário vento e não o conhecemos e não sabemos ir até ao fundo de nós mesmos como rios que sabem onde encontrar o mar e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes convivem através de palavras ou de uma água para sempre dita. Mas o mais triste é recordar os gestos de ontem. Triste é comprar pipoca depois da partida de futebol entre o uísque e o domingo na tarde de novembro e ter como futuro o asfalto de muita gente e atrás a vida sem nenhuma infância revendo tudo isto algum tempo depois. A tarde morre pelos dias afora. É muito triste andar por entre Deus ausente e um Deus presente. Mas, eu, poeta, administro a tristeza sabiamente.
AMA